Por: Dr.* José Bento
A vasectomia é uma cirurgia simples e rápida, em que os canais deferentes do aparelho reprodutor masculino são cortados, amarrados ou fechados com grampos, impedindo que os espermatozoides fiquem no esperma e sigam rumo às trompas.
O procedimento não exige internação, é um método ambulatorial e feito com anestesia local. O efeito não é imediato, por isso a vasectomia só é considerada segura quando um exame chamado espermograma prova que não há mais espermatozoides na ejaculação.
Já a laqueadura pode precisar de internação e anestesia com efeito mais amplo. As trompas são cortadas, amarradas, cauterizadas ou fechadas com grampos e anéis, que impedem o contato dos espermatozoides com os óvulos. Necessita anestesia e internação de algumas horas ou até um ou dois dias.
As duas cirurgias podem trazer riscos, mas a laqueadura exige um cuidado maior, por ser mais invasiva e poder atingir uma das artérias que irrigam os ovários, o que é capaz de levar a disfunções hormonais.
A reversão dessas operações é bastante complicada e, depois de determinados prazos, no caso da vasectomia, há risco de o homem não produzir mais espermatozoides. A idade da mulher também pode ser um complicador, pois há uma diminuição gradual do número de óvulos produzidos, e aí a reversão não vale a pena. O Sistema Único de Saúde (SUS) não faz reversão. Nesse caso, é possível fazer uma inseminação artificial.
O SUS oferece ambos os métodos para pessoas com mais de 18 anos e pelo menos dois filhos nascidos vivos ou com mais de 25 anos sem filhos, desde que seja respeitado o prazo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico.
A rede pública também permite a laqueadura ou a vasectomia nos casos em que uma gestação possa trazer risco de morte para a mulher ou para um futuro bebê. Entre as doenças sérias durante a gestação estão: pressão muito alta, problemas nos rins e diabetes grave.
É proibido fazer laqueadura no parto ou durante um aborto, porque são momentos inadequados para a decisão e porque pode existir riscos para a mãe e para o bebê.
Sangramento contínuo após a cirurgia, dor, febre e ausência de menstruação são sinais de alerta para algum problema na cirurgia.
Uma opção para quem não pode fazer a laqueadura ou tem dúvidas se a esterilização seria o melhor método anticoncepcional é o dispositivo intrauterino (DIU). Outros métodos contraceptivos não definitivos – como camisinha, diafragma, anel vaginal e pílula – também podem ser uma alternativa. Mas é preciso lembrar que apenas a camisinha protege contra doenças sexualmente transmissíveis (DST).
*Dr. José Bento é Ginecologista e especialista em saúde da mulher