Com o aumento dos exames de rotina ou para check-up algumas doenças passaram a ser diagnosticas com mais frequência. A ultrassonografia de abdome passou a diagnosticar uma alteração chamada esteatose hepática em um grande número de pessoas, já que esta é a doença hepática mais comum, e muito conhecida como o acúmulo de gordura no fígado. A esteatose hepática é uma das apresentações de um distúrbio do fígado chamado Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica, que inclui ainda a esteatohepatite não-alcoólica, que é a forma mais severa destas alterações, podendo progredir para a cirrose hepática, insuficiência hepática e câncer do fígado. Estas alterações gordurasas do fígado atingem de 20 a 30% da população adulta, o que vem crescendo em decorrência do aumento a fatores de risco, como o sedentarismo, obesidade e má dieta.
A prevalência da Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica aumenta com a idade, sendo mais comum entre os 40 e 49 anos, mas pode acometer até mesmo pacientes pediátricos, principalmente quando está fortemente associada a obesidade severa. Desta forma, a doença acomete 75% dos obesos, apesar de também acometer pessoas com peso adequado (principalmente os magros com “obesidade abdominal”), o que mostra um componente metabólico individual no desenvolvimento do acúmulo de gordura no fígado. De qualquer forma, a obesidade é um fator de risco independente e associado à progressão da doença para as suas formas graves. Outro fator de risco é a presença de Diabetes, e assim, até 49% dos diabéticos podem apresentar acúmulo de gordura hepática. A hipertensão arterial sistêmica também é um fator independente de risco. Todos estes fatores de risco demonstram claramente que há a necessidade de uma dieta adequada e prática de exercícios físicos regulares para que a doença não se desenvolva.
A esteatose hepática apresenta 1,5% de chances de se tornar uma cirrose hepática, e 1% de possibilidade de se relacionar com o óbito do portador da doença. Por outro lado, a esteatohepatite, que é a forma séria da doença, pode evoluir para a fibrose do fígado em 30 a 50% dos casos, 15% irão apresentar a cirrose hepática e 3% irão progredir para a insuficiência hepática e óbito. Deve-se lembrar ainda que 13% das pessoas com o câncer de fígado apresentam a Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica.
A maioria dos pacientes com a Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica não apresentam sintomas, e assim, o diagnóstico é feito de forma incidental em um exame de rotina, como os exames laboratoriais e de de imagem. Quando presentes, os sintomas são inespecíficos, sendo os mais comuns um desconforto na parte superior direita do abdome e a fadiga. Ao exame físico, as alterações mais frequentes são a obesidade e o aumento do fígado. Sintomas como a icterícia, ascite (acúmulo de líquido abdominal) e distúrbios neurológicos causados pela insuficiência hepática só ocorrem nos casos mais graves. Em relação aos exames laboratoriais, as principais alterações são o aumento de TGO e TGP, podendo ter um aumento de até 4 vezes do valor normal. O exame de imagem mais comumente utilizado para o diagnóstico da doença é a ultrassonografia de abdome, mas é a Ressonância Magnética quem tem a maior acurácia para quantificar o grau de esteatose hepática.
Atualmente já se acredita que este acúmulo de gordura no fígado pode estar associado a um distúrbio maior, conhecido por Síndrome Metabólica, que é um agrupamento de fatores de risco que aumentam a possibilidade de desenvolvimento doença cardíaca ateroesclerótica, diabetes e insuficiência renal. A Síndome Metabólica se tornou um dos maiores problemas quando se pensa em saúde pública, já que a sua incidência vem aumentando. Por isso, as recomendações de bons hábitos alimentares e de prática esportiva são tão importantes, já que a prevenção ainda é o melhor tratamento para estas alterações do nosso metabolismo.
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